sexta-feira, 27 de março de 2009

The Host


Sim, essa é de longe a melhor obra de Meyer. Pode não parecer, mas a mórmon dona de casa, mãe de três, tange em pontos cruciais discutidos até hoje por antropólogos, psicólogos e todos aqueles que lidam com o ser humano e sua psíque.

A ficção científica da invasão alieníena da Terra, e a consequente eliminação dos seres humanos, contado pelo ponto de vista do invasor, é na realidade uma metáfora para os questionamentos comuns dos estudiosos da mente humana.

Não que haja presunção na escrita. Na realidade, Meyer mantém o ritmo simples e fluido que é sua marca registrada. Seu grande mérito foi ter a sensibilidade de perceber o quanto de nós é necessário para manter o mundo, e o quanto dos nossos atos são guiados pelos instintos.

E há a presença da fatalidade na obra. Wanda, personagem principal, junto com Mellanie, enfrenta consequencias para seus atos. Cada escolha tem seus ganhos e suas perdas. E no meio de uma guerra mental, wanda tem que lutar pra se adaptar ao turbilhão de emoções que um corpo humano traz.

Esse é outro mérito de Meyer: não usar a violência óbvia para atrair e prender leitores. Suas lutas principais são travadas na mente, e o jogo de palavras, pensamentos e racicínios decide quem sai vencedor das batalhas que ela escreve. Nada de sangue jorrando a 6 metros, ou corpos explodindo, ou tripas penduradas. A principal arma que se usa é a inteligência.

E, no término da leitura do livro, fica a pergunta: até que ponto a violência é necessária? O quanto dos nossos instintos podemos controlar? E o quanto de nós mesmos, de nossos sentimentos, sobrepõe esses instintos?



Mas se ainda assim você quiser ler crânios quebrando sozinhos, e grandes gosmas com dentes afiados engolindo seres humanos inteiros, pega um livro do King.

Crepúsculo


Okay, no mudo cult gostar da série Crepúsculo queima muito, e eu devo dizer, se prestarmos atenção na maior parte das fãs, dá pra sentir vergonha. E não pouca.


Mas o caso é que eu gosto. E muito.


Eu sei que não é o melhor livro do universo, e eu já li várias obras boas, vários autores consagrados e tudo o mais. Mas os livros da Stephenie são os meus favoritos, e ponto.

E sim, vou fazer uma resenha dele. Se quiser, leia. Se não, tem um xiszinho vermelho no canto superior direito da página que vai te ajudar.

Ao ler a primeira vez, a primeira reação é a raiva. Porque uma menina idiota é a peça central desse livro? Porque essa tal de Bella simplesmente não dá um tiro na cabeça e faz do mundo um lugar mais feliz?

Isso,amigos, passa. Ou não né, mas aí não é culpa minha.

Depois você a entende, e até a acha fofinha e engraçadinha. Tipo o Cérebro, do Pink e Cérebro.Ou a Monica, de Friends. Ou só alguém que cai muito mas é legal.

E depois você conhece esse tal de Edward. E ele é ok. Tipo claro, bonitão, mas o mundo tá cheio de bonitões chatófilos mesmo.

E aí eles começam a namorar e o livro é sobre as descobertas deles. Eles testam limites, burlam as regras normais de convivêcia humano/vampiro. Mas a descoberta mais importante é a deles como seres que podem amar loucamente. Não o amor normal homem/mulher, mas aquele que faz de você uma pessoa capaz de se sacrificar.

E isso tudo poderia ser transformado em algo muito clichê, mas a linguagem simples da Meyer, um tanto destonada com o universo teen, torna o amor deles fácil como respirar, fluido.

E conforme passam os livros, por incrível que pareça, esse love todo cresce, a relação de fortifica-se. E os dois crescem, evoluem.

E no quarto livro há o ponto máximo do relacionamento dos dois, que eu não vou revelar aqui caso, por algum milagre, isso desperte o desejo de ler o livro. Basta dizer que o final é feliz.

E quando todo mundo achava que a Steph havia cansado, BANG, os doze primeiros capítulos de Midnight Sun, o Crepúsculo pelo ponto de vista do Edward,vazaram na internet,segundo um pronunciamento oficial.

E é aí que Meyer mostrou a genialidade da saga. E por genialidade eu quero dizer romantismo.É incrível que homem possa sentir o que Edward sente. Incrível, mas não impossível. E somente aí você tem razões suficientes para admirá-lo ( ou amá-lo, no meu caso).

Mas uma coisa não me agradou na série. Não há consequências para os atos da Bella. No final, tudo dá certo pra ela. Por mais erros que ela cometa, não há castigos, não há um contrabalanço. E a impressão que fica é que ser humano não faz a mínima diferença. Ela descartou com tanta facilidade, e ainda assim foi feliz, que eu me senti um lixo por ser humana e não existirem vampiros.

Talvez por isso o ódio de muitos a série. Em todo livro com o tema vampiro, há a melancolia da privação da humanidade. Os vampiros têm superpoderes, mas não vivem de forma plena, e no fim desses livros você leva as mãos pro céu por ser como é.

Mas se Stephenie Meyer pisou na bola com Crepúsculo e afins, ela kick ass com sua outra obra, muito mais brilhante que a saga Twi.

É com prazer e alegria que apresento.....

quinta-feira, 26 de março de 2009

December baby

As luzes brilhantes me segaram por um momento. Claro,era dia. Com sol forte. Resplandecente.Mas os olhos dele estão distantes. Frios.O tempo seco previsava a neve. Floquinhos de formatos diferentes, se amontoando pelo chão. Seria divertido.

Se os olhos dele me focalizassem.
Por um instante,ao menos.

The colored lights, they brightly shine
unlike your eyes
Avoiding mine
The snow is folding,
sheets upon sheets

Antes ele estaria segurando minha mão. Se eu quisesse alcançá-lo, elas, nossas mãos agora frias,poderiam estar entrelaçadas. Mas eu não quis. Não naquela hora.
E se arrependimento matasse?


Our hands are not holding
As we cross the street.

Ele andava agora na minha frente. Literalmete. Sorria para os colegas, e tinha uma expressão estranha para mim.
Farto de mim.


You have had your fill, your fill of me
You have had your fill, your fill of me.
E agora ele não me queria mais. Estava cheio de mim. Antes, éramos alguma coisa. Mas ele estava muito a frente, e eu não queria alcança-lo.

How can I catch up when I don’t want to?
How can I catch up when I still want you?

Ele se foi em Dezembro. E seria meu doce Dezembro .

December baby, you are my
December baby, you are mine.

quarta-feira, 25 de março de 2009

da série O Que Fazer?

Minha amiga queria idéias para sua fanfic, e eu disse: "ué, usa a idéia do drama bolena e tal", e ela ficou sem saer o que era. Quaando dei por mim, já tinha relatado a história da política inteira até o bill of rights. E todo mundo me olhou como se fosse louca.
Tudo bem, isso passa.
E essa mesma amiga me perguntou porque minha única fanfic era apenas um parágrafo. No que eu respondi: "porque eu queria algo meio epifânico, meio Clarice Lispector". E, surpresa,surpresa, me olharam como louca. E a incontrolável aqui saiu tagarelando sobre os contos da clarice. e de novo, o olhar de louca.
E aí essa amiga louca ataca de novo. Ela pergunta que diabos é isso:
35 litros de água, 20 quilos de carbono, 4 litros de amônia, um quilo e meio de cálcio, 800 gramas de nitratos, 250 gramas de sais, 100 gramas de nitrogênio, 85 gramas de enxofre, 7.5 gramas de flúor, 5 gramas de metais, 3 gramas de silício e mais 15 gramas de porções materiais.


E eu respondo: é o corpo humano, oras.
e sou tratada feito louca mais uma vez.

Qual o ponto desse post então. Gabriela louca?
- saber que diabos fazer com a cultura inútil do vestibular!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Eu nasci com cabelo enroladinho, cheio de caichino na minha caichola, toim-toim

Eu estou usando meu cabelo cacheado. 4 anos inteiros usando as madeixas lisas, e agora eu estou usando meu cabelo cacheado.
Uso a frase "estou usando meu cabelo cacheado" como um mantra. Pra ver se eu me sinto melhor com ele cacheado.
E funcionou nas primeiras horas. sabe aquela mulher do comercial das lentes trasintion? Estava igual. Daí, algumas horas depois, e algumas danças mais tarde, ele estava uma juba.

então chapinha, aqui vou eu.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Patética parte 5

Meus ultimos dias tornam-se mais felizes. Eu fico mal por um tempo a cada olhar dele, mas rapidamente me distraio. Eu realmente tenho os melhores amigos que uma garota pode pedir, e que eu provavelmente não merecia. Nosso grupo crescia, e alunos do cursinho entravam e interagiam conosco. E quando estava com meus colegas, nada me atingia (muito).

E então chega o dia da divulgação do resultado do psc. E isso gruda na minha mente, e não penso em mais nada. Meu porto seguro também não se concentra: Ayla havia prestado psc pra medicina, e no momento encontrava-se tão ou mais nervosa que eu. E de repente murmurios de felicitação são ouvidos. Um garoto havia passado. Para medicina.

Peço o celular de meu amigo emprestado, e vejo a lista de aprovados. Mas não vejo muito. Ayla toma de minha mão antes de eu começar a lê-la. E cai em desespero.

- Ai meu Deus!!! AI MEU DEUS!!! EU NÃO PASSEI!!! EU NÃO PASSEI!!- e a partir daí o choro a impede se ser entendida. Mas eu entendia perfeitamente o que ela queria dizer.

Taiane arranca o celular de suas mãos, me impedindo de entrar em desespero também.

- TÁ AQUI!! TÁ AQUI!!! TU PASSOU !!!! – Taiane berra a plenos pulmões.

Ayla olha para Taiane incrédula por meio segundo, e então grita furiosamente, icompreensívelmente. E me aproveito da distração e pego o celular.

Só havia uma Gabriela na lista. E não era eu. Não era eu.

A verdade cruel me atingiu como uma bala de canhão.

Eu não passei.

Não passei
Medicina estava fora para mim.

Por qu eu claramente era burra demais para passar.

Não me dei conta de meus atos, e me vi jogada na cadeira, escondendo o rosto, chorando furiosamente. Eu com certeza era a personificação do desespero, e eu realmente não me entendi. Não era minha primeira derrota.

Mas era mais uma derrota.

Eu não ia ser médica.

Eu sabia que estava fazendo uma cena, mas eu não conseguia me controlar. O choro passou a ser histérico, e nada que niguém fizesse ou dissesse me faria melhorar.

Ou assim eu pensava.

- GABRIELA, SUA TAPADA, TÁ AQUI TEU NOME!!! SUA RETARDADA, SUA LOUCA, SUA LESA, TU PASSOU!!!! PASSOU, IDIOTA!!!

Incrédula, pasma, encaro paloma, enquanto as palavras aos poucos faziam sentido. Meu nome. Na lista. Eu. Medicina. Eu. Passei. Entrei. Eu. Faculdade. Faculdade.faculdade.

E de repente eu estava gritando histericamente, caída de joelhos.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!! EU PASSEI!!! EU PASSEI!!! AI CARALHO, EU PASSEI!!! EU VOU SER MÉDICA!!!! TOMA!!!! TOMA, LESO!!!! AYLAA, AYLAA, PASSAMOS!!! A GENTE CONSEGUIMOS!!!! TU VAI TER QUE ME AGUENTAR PRO RESTO DA VIDA, HAHAHAHA!!!!

Eu pulava histericamente com Ayla, o mundo esquecido, o inferno esquecido. Meu maior sonho havia se realizado, e eu não podia pedir mais nada. Eu ainda gritava histericamente, acompanhada por ayla, quando o professor nos mandou entrar em aula.

E eu não entrei.

Em vez disso desci as escadas, numa felicidade inquebrável. Mas precisava beber água, se quisesse continuar gritando loucamente. E ele estava lá. Triste, tímido, encolhido. Isso me incomodou um pouco, porque naquele momento o mundo inteiro devia ser feliz. O mundo inteiro era bonito. E viver era uma das melhores coisas.

- e então, vocês passaram- o amigo dele nos pergunta gentilmente.

- Arrãm, passamos- Ayla conta, com o orgulho elevado ao infinito.


- ah, é? Pra que?- dessa vez ele, meu pseudo, se dirigia a mim. E olhando em seus olhos, respondi:

-Medicinia- enunciando cada sílaba com o ego inflamado.

Ele olha diretamente em meus olhos, falando intensamente:
-Parabéns.

E a partir daí há uma troca de carinhos, e felicitações, e abraços e beijos não expressos fisicamente, porque não era necessário. Pelo mais infinito dos segundos, olhamos na alma um do outro. Ele não precisava dizer que me queria. Eu não precisava expressar minha paixão. A compreensão disso tudo acendeu-se com um clique em minha mente. Eu podia ter quantos namorados eu quisesse. Mas nada seria comparado a isso. O nível de intimidade que havia na nossa troca de olhar não era atingido nem pela maior proximidade física. Naquele momento, eu era dele. E ele era meu.

- obrigada- com um sorriso enorme no rosto, saí ao sol para aproveitar a minha felicidade.

Patética parte 4

Pude experimentar o efeito venenoso do ciúme. Chego no cursinho e como sempre, ele edstá lá, com sua farda vermelha, lindo e alto. Sento em meu costumeiro lugar e percebo que ele está com uma menina magra, alta, de cabelos longos e lisos escuros, muito próxima do meu conceito de top model. Ah, ela deve ser uma chata, uma metida, uma esnobe, um lixo!!! Sabia que ele era superficial!!!

No intervalo desço para beber água. Enquanto bebo, viro-me de frente para o estreitíssimo corredor que dava acesso aos banheiros, ao lado do bebedouro. Ele está lá, parado, esperando por alguém. A modelo sai do banheiro e junta-se a ele, e naquele lugar apertado era impossível não cruzar com seu olhar. Uso a desculpa da minha pequena estatura ( comparada com eles) e abaixo a cabeça, enquanto ouço a risada baixinha que a menina dá. Ah, certo, eu devo ter parecido a perfeita panaca e ela deve ter achado a minha quedinha pelo seu namorado a coisa mais fofa do universo.

Odiando-me, volto para a sala, quando uma luz acende dentro de mim. Eu a conheço! E ela é legal!

Ele não é superficial. Sabia disso com toda a certeza do mundo, mais certa do que quando me foi mostrado que dois mais dois são quatro, e não três. Dentro de mim sabia que ela era simpática, extrovertida, divertida, sincera e bonita por dentro, também. Droga, droga droga!!! Eu sou apenas uma menina comum, e ela era espetacular, linda, extraordinária.

Não posso competir com isso. Nem em meus mais loucos devaneios posso me comparar a alguém como ela, porque ela representava tudo o que eu quero ser, e que não conseguirei de forma alguma. Enganando-me, disse para mim mesma que não havia nada senão amizade.

Taiane percebe minha desanimação, e tenta me consolar. Eu quero, mais do que tudo, acreditar no que ela me diz, convencer-me com suas palavras.

- ah, Gabi, vai ver eles são muito amigos. Olha só, quem me vê co, o Gian pensa que nós temos alguma coisa. Desencana, ele ainda é solteiro.

Esqueci de mencionar que todos dizem para eu ir falar com ele, para eu tomar coragem. Mas honestamente eu não vejo propósito nisso, visto que não existe futuro para nós dois.Não existe “nós dois”. Só eu e ele. Também não enxergo nada em mim que possa atraí-lo. Eu sou cada vez mais invisível, e a presença da garota linda gritava para mim o que eu infelizmente já sabia: eu não sou bonita OU interessante OU atraente sob nenhum ponto de vista.



Bufando internamente de raiva, resolvo ignorar o casal perfeição e me concentrar na droga dos estudos. Mesmo porque eu precisava desesperadamente passar no vestibular, e como. Era chave para me reafirmar como alguém que valesse a pena, alguém legal, interessante, inteligente e independente.

E pela primeira vez, pseudo facilitou o trabalho de esquecê-lo, ora faltando aula, ora trocando de turma. Eu sabia a razão, ou a modelo por trás dessa decisão, mas me concentrei em fingir que não ligava, e isso demanda tanto trabalho que tenho um pouco de sucesso.

Pouco a pouco, com a proximidade da prova do PSC, meus outros amigos juntam-se a mim no cursinho, e distrações não me faltam . Vez em quando me traio, imersa em devaneios, mas o tempo parece cada vez mais curto, e minhas preocupações ocupam minha mente.

Não noto, mas de repente estamos a uma semana do psc, a prova da minha vida. As aulas haviam acabado, e meu desespero era tangível. Nào ligava mais para aparência, não ligava para meu cheiro, dava pouca importância com que ele estava. A única coisa que existia em meu mundo era o fato da minha nota estar tão baixa que era preciso eu acertar a prova inteira, tirar a nota máxima em redação, para ter alguma chance de ingressar na faculdade de medicina.

E chegou o dia do psc. E passou. Achei a prova normal, muito do que eu esperava,e fui para casa, com minhas respostas anotadas. Em casa, vi o gabarito e chorei. Devo ter chorado a tarde inteira, durmi depressiva.Acordei desanimada. Era esse meu fim, não conseguiria passar.

Vesti uma rioupa confortável, evitei o falatório de minha mãe e segui para o cursinho. Não me importei que ele estivesse lá. Não me importei que ela estivesse lá. Eu só queria passar, e logo.

Uma das minhas melhores amigas entra no cursinho também,e serei eternamente grata a ela por ter feito aqueles dias cinzas um pouco mais coloridos. Ela me fazia rir, me fazia olhar e paquerar meninos bonitos. Fazia-me esquecer os problemas, esquecer minha baixa auto-estima.Ayla fazia eu me sentir bem, feliz.

Agora sentávamos nas carteiras da frente. A top model entrou, e cochichei para Ayla quem era essa magricela esnobe que passava por nós.

- Essa que é a top- sussurrei em direção a ela.
- Top não, gabby, é louva-Deus- Taiane solta em resposta.

Ayla olha por um momento para a garota de cabelos longos, que se sentara o mais distante possível de pseudo, com um olhar raivoso em sua direção. Ayla olha para mim maliciosamente. Mas o professor entra na sala e começa sua aula, e o que quer que a mente de Ayla havia produzido, no momento ficou guardado só para ela.

O sinal toca, e a top sai rapidamente, quase voltando. Enquanto ela passa por nós, ayla de repente grita:

- LOUVAAAAAA.- e olha sugestivamente para mim. E eu entendo o que ela quis dizer.

- DEEEUSSSSS- e juntas caímos na risada.

Minhas outras amigas, paloma e taiane, nos olham e também riem. Não me importei ( muito) que José fosse atrás dela, esse era meu momento de felicidade. Outro professor entra e a rotina continua.

Patética parte 3

Creio que, pela primeira vez, coro. Furiosamente. Mentalmente condeno Bill aos abismos mais profundos do inferno, peço ajuda a todas as divindades existentes e não-exitentes do universo. Tento voltar ao controle, mas é inútil. O matraquear do professor não prende minha dispersa atenção. Meus amigos percebem minha comoção, e caridosamente trocam de lugar.

Longe dele fica mais fácil me manter sã. As palavras finalmente parecem fazer sentido, sou capaz de resolver novamente as equações. Matemática,muito obrigada por ser o que é, por manter minha sanidade quando eu mesma não são capaz de faze-lo.

Animada, faço com facilidade a atividade proposta. Números, letras e soluções ocupam o lugar deixado pelas minhas neuras de adolescente. Nem ouço o que Paloma me diz, ou o que Bill me mostra. A matemática cura, que incrível!


A voz do professor me alerta, tirando-me de meus devaneios. Percebo que , mais uma vez, não possuo o material, e peço do professor, com a voz muito baixa. O professor entraga os papéis justamente para José. Sim, ele tem que me entregar. E sim,para isso ele tem que me olhar, e, mais importante,eu tenho que lhe dizer obrigada.

Levanto-me com a maior dignidade do mundo, vindo de não sei onde, e pego a folhinha de suas mãos, ah, que mãos! esboço um meio sorriso, tímido, e um obrigada murmurado sai de minha boca. Ele olha-me, e não diz “de nada”. não me sorri, e o olhar que me dispensa é o mais puro ódio, desprezo. Meu sorriso derrete como se ácido tivesse sido jogado, e volto envergonhada para minha carteira.

Mas a raiva toma conta de mim . mas eu não fiz nada, não disse nada, nem farei coisa alguma!!!!! Ele que pegue sua perfeição idiota e vá ser legal bem longe!!!

Isso me traz de volta a realidade. Novos livros, novas distrações. A prova no colégio, a prova de vestibular, cada dia mais próxima, colocam José no fundo esquecido de minha mente. A bagunça da rotina me mantém ocupada, volto a sorrir com as coisas mais sem graça. A presença dele ainda me incomoda, me tira do sério, me transforma em outra Gabriela, e é nesses momentos que a raiva de mim mesmo se mostra mais violenta.

Em casa, tudo que faço é dormir. Por isso me assusto com o toque do celular anunciando uma nova mensagem:
- Gabi,sua vaquinha! Por que tu não vieste? Você nem vai acreditar com quem eu conversei hoje!!!

Não, ele não. Qualquer um, qualquer todos,menos ele!

- Eu falei mesmo com ele. Nada demais. Só que ele estava sentado atrás de mim e do Valter. Aí ele comentou que o nariz dele tava muito ruim...aí a gente conversou um pouco. E só. Ele parece ser gente boa. Ele já foi, tava ruim.

Ai meu Zeus, ele estava doente!!! Eu devi cura-lo, consola-lo. Vai ver ele precisa de colo. Ou de um analgésico. Ou de mim.


Mas seu olhar naquele dia, cheio de rancor, retornam a minha mente. Que seja, nem me importo de verdade.


Não, eu me importava de verdade. Eu queria que ele estivesse bem, queria que seu nariz não o incomodasse e, acima de tudo, queria que ele me notasse. Mas não adianta, porque tudo o que eu faço me leva cada vez mais fundo para a invisibilidade.

Não me considero bonita, pelo menos para os padrões normais e regulares de beleza. De estatura média, pele morena acobreada, olhos castanho-escuros e cabelos no mesmo tom, nunca me destaquei na multidão. E esse fato nunca me incomodou.

Agora incomodava mais que tudo. Eu queria ser olhada por ele, queria que ele me achasse bonita, interessante e inteligente. Queria saber que o que sentia naquele momento era recíproco.

Mas ele não me notava, ou então não demonstrava. E faltava regularmente agora. Tentei pensar que não era a causa disso, mas não pude evitar que esse louco pensaento passasse pela minha cabeça.

Patética parte 2

Volto um pouco desmotivada para sala de aula, mas me recuso a deixar que minha amiga Paloma me console, porque honestamente eu não sou do tipo de pessoa que precise ser consolada. Esboço uns sorrisos amigavéis a ela, agradecendo a preocupação, mas afirmando veementemente ( talvez até para mim mesma) que estva tudo bem.

Mas não deixo de notar que ele olha de vez em quando na minha direção. Ao espreguiçar-se, ao jogar a cabeça pra trás, ele me olha, mas não me empolgo. ele deve tá curioso, talvez, ou é louco mesmo, penso desanimada.


Ignoro seus olhares contínuos e tento me concentrar no que o professor diz. Não é tarefa fácil,no entanto persisto e finjo não nota-lo. Em uma hora cruel, tenho que passar por ele, para pegar a apostila que o professor estava usando. Seguro a respiração, encolho a barriga, mas vejo que isso não é necessário: ele não tem o material também. Na hora de voltar, sou impedida pelo fiscal, uma vez que não se pode sair de sala e voltar no mesmo horário. Viro-me, e seguindo uma mania, encaro, distraída, o nada. Passo um bom tempo fazendo isso, quando percebo a direção do meu olhar. Ele me encara de volta. Confusão e curiosidade no meu olhar, vergonha e raiva no dele. Amaldiçôo minhas manias estúpidas e desvio o olhar, e tenho certeza de que, se fosse muito mais clara, teria corado furiosamente.

Esse simples evento foi o bastante par mudar meu tedioso cotidiano. Tornou-se comum o meu pensamento vagar entre as provas do colégio e ele. Ele também não ajudava, olhando constantemente na minha direção.
Logo minhas colegas percebem os olhares que dou, e minha cada vez mais presente falta de atenção, e para minha surpresa, descobrem a causa também. E estupidamente tiram fotos, com meu celular, das costas do garoto, e claro que, se pudesse, estaria corando.
- Carol, pára de bancar a idiota e me dá droga desse celular- digo, a raiva espumando em minha boca.

- Aaaaahh, Gabi, vai dizer que você não quer isso no seu celular?!

O que sai de minha boca são grunhidos raivosos, mas a verdade é que não apago a foto. Sempre só, encaro suas costas como se estas pudessem me sorri, me dizer que eu era a garota mais legal daquele lugar, e que minha aparência de Ugly Betty não importava, que era até engraçadinho. Ele não tornou a me olhar, e minha mente procurou não se importar muito com isso.

Mas algo já acontecia comigo. Não posso impedir meu coração de acelerar quando o vejo, ou deixar minhas mãos secas, ou de me fazer de idiota, tropeçando e caindo na frente dele. Mas isso não é muito surpreendente, levando em consideração a propensão que eu tenho para atrair pequenos acidentes.


Entretanto continuo indo ao cursinho como ia antes, falando com meus amigos com antes falava. A rotina torna-se uma companheira para todos os momentos, e o tédio de vez em quando junta-se a nós.

Sempre sento-me na carteira atrás dele. Primeiro porque quero esconder-me dele. Segundo porque é uma boa desculpa para de vez em quando olhar na direção dele. Os momentos difíceis são quando eu realmente preciso passar por ele, ou quando nos esbarramos na porta da sala.
É curioso ver como ele me faz olha-lo constantemente, ou a maneira que penso nele, todos os dias. A atração que sinto é forte demais, ultrapassa as barreiras que minha autoconfiança construíram no minuto em que me entendi adolescente. Eu me tornara o tipo de garota que tanto repudiara, aquela que segue a paixonite, que escreve seu nome dentro de m coração no caderno, que passa noites em claro imaginado-se ao lado dele.



Não gosto dessa situação, de não entender o que sinto, de reconhecer em mim todos os sintomas de estar apaixonada, mesmo sabendo que isso é impossível, que há pouco tempo eu estava apaixonada pelo único ex. este agora pertencia a um passado estranho, como se minha vida não me pertencesse até o momento em que vi o menino alto.

Odeio cada batida acelerada do meu coração, odeio o sangue enchendo minhas bochechas, o suor emudecendo as mãos, a cada olhar que ele me dá, cada vez que o vejo na frente do pequeno prédio.

E para piorar a minha confusão, eu nem ao menos sabia seu nome. Não sabia do que gostava de ouvir, do que odiava comer, do que achava da crise econômica que ameaçava bater em nossa porta. Como eu posso ser assim?? O nome, eu nem sei o nome dele!!!!

Paloma o conhece por alto, contando-me que achava que seu nome era Paulo, ou João, ou algo do tipo. Grande ajuda! Quem resove o problema com o nome é Taiane, uma novata, que o chama de pseudo-edward, em alusão à minha alma gêmea fictícia criado por Meyer.

Talvez tenha sido esse o motivo do meu súbito interesse. Talvez eu tenha refletido nele todo o romantismo e Edward, toda sua irresistível sensualidade. Tenho a sensação que o hálito dele é tão doce e frio e...beijável quanto o de Edward. Sim, exatamente igual.

Acredito que o fundo do poço tenha sido fuçar na internet à sua procura. Visitei páginas de quatro pessoas, duas conhecidas e duas desconhecidas, até encontrá-lo, enchendo-me de lágrimas e invadida por uma repentina empolgação quando o acho. Quando percebo minha atitude odiosamente infantil, repudio-me, enojo-me, talvez bato levemente em minha bochecha.

Mas não apago seu endereço do meu histórico. Por algum motivo,eu sei,preciso fazer isso, eu preciso de um pequeno pedaço dele, uma mísera parte do que ele é. Finalmente descubro seu nome. José Paulo. José Paulo, José Paulo, José Paulo. Certo, nem minha paixonite idiota faz o nome parecer legal de alguma forma.

É,disse uma crual vozinha n fundo de minha mente, mas você continua escrevendo Sra. José Paulo no fim de seu caderno. Instantâneamente travei uma batalha mental com essa vozinha, vencendo-a com facilidade. Mas isso não muda o fato de você ser a menina idiota que escreve o nome em um coração.

Tapo a voz com uma meia imaginária, e retorno às minhas atividades. Parece incrível, mas nem a presença de José basta para afastar a monotonia. Ainda chego atrasada, suada, desarrumada e cansada. É comum me ver carregando um copo com água. Entro na sala, os olhos varrendo-a em busca de meus colegas. Encontro uma nova amiga, Bill, e graças a qualquer ser divino ela havia guardado um bom lugar para mim. Por praxe meus olhos esquadram o colega ao meu lado. Sim , é ele. A dez centímetros de mim, a um suspiro do meu rosto, a um pequeno esforço das mãos. Minhas pernas balançam nervosamente em um tique incontrolável, e ao olhar na direção dele, vejo sua mão apoiada sobre a carteira, as palmas viradas, em um convite irresistível, tal qual a maçã de Eva.

Patética parte 1

O sol escaldante da cidade faz minha nuca suar. Droga, droga, droga, calor idiota! Rapidamente digo adeus à boa aparência de menina bem-arrumada, e entro no pequeno prédio branco, esperando mais um dia maçante de aula. Desejo um rápido bom-dia aos meus colegas e sento em meu lugar, abençoando quem quer que tenha ligado o ar-condicionado.Percebendo a demora de meu professor, tiro um livro sedutor, de capa preta estampado com uma maçã, e no mesmo instante sou tragada pela estória envolvente.
- Gabi, cuidado com o professor.
O aviso de Paloma me deixa alerta.Meus olhos varrem a sala à procura do “perigo”, mas me acalmo. Como sempre, o chato está atrasado. Melhor pra mim, eu tinha mais tempo para ler, pelo menos.

Estudo no melor colégio da cidade, à custa do grande esforço de meu pai, e faço o melhor cursinho pré-vestibular também, graças à amiga-herdeira-sobrinha-do-dono. E como se é de esperar, vejo muitos garotos bonitos todos os dias. Muitos. Mas não dou tanta importância pra isso, mesmo porque a maioria aparenta ser exatamente o tipo de pessoa que não consigo conviver: esnobe. E frequentando os lugares que frequento, conversando com quem eu converso, precebi que essa é uma característica quase vital pra sobreviver nesse novo mundo de privilegiados. Então eu me exclui. Mas não completamente. Conservo uns poucos ( e bons) amigos.

Porém um menino chamou minha atenção. Por causa dele olhei duas vezes para um garoto do cursinho. Ele tem a aparência do menino-bonito-comum: alto, cabelos louro-escuros, ou castanho, e olhos garndes, claros. Ainda assim, não consegui desviar o olhar dele.
No início achei que talvez fosse porque ele me lembrava imensamente o personagem do tal livro de capa preta. Mas sabia qua havia algo a mais. Eu nunca me interessei por ninguém só pela aparência, mas de alguma forma ele conseguia atrair minha atenção como um ímã.

Obrigo-me a ouvir ( e ver) o professor de biologia. Ele discute divisão celular, uma coisa que já sabia decorado, aprendido e cantado. Minha mente, outrora tão sã, me trai, e meus pensamentos vagam para o menino alto e lindo sentado em minha frente.

Etretanto tenho minhas distrações, mais eficazes que o falatório eterno do professor. Leio o livro, faço as tarefas escolares, passo bilhetinhos. O garoto, ainda bem, sai da minha cabeça.

Os dias passam, e esqueço desse episódio curioso. Minha rotina segue como sempre foi, alterada de vez em quando por um almoço com as amigas, ou um cinema com os amigos.
E ele continua na minha rotina também, esbarrando em mim de vez em quando. Não que isso seja surpreendente, é muito comum esbarrar em mim, uma vez que é difícil notar minha pequena presença.
O dia da segunnda prova do vestibular chega e passa muito rapida. O resultado sai enquanto estou no cursinho, e é morrendo de ansiosidade que saio na hora do intervalo e conecto à internet via celular. A decepção em meu rosto é clara,mas procuro mascará-la.

Eu não sou a única com a auto-estima baixa, então procuro consolar um amigo, enquanto fico feliz pelos que passaram, especialmente por uma amiga muito querida. Aliás, a notícia de sua aprovação apaga minha derrota da memória, e me vejo sorrindo honestamente para os aprovados.

Encostada na parede do prédio, noto que estou sendo observada. Estranho, penso, já que ninguém se incomoda em olhar muito tempo pra mim. Seguindo essa estranha sensação de vigilância, vejo-o olhando sério para mim. Tímido, meio triste. Enquanto seus amigos riem, ele sorri timidamente também. Coitado,pensei, ele não deve ter passado também. Uma onda de simpatia desconhecida me oinvade, e rapidamente a reprimo.

terça-feira, 10 de março de 2009

Teto de Vidro

Na frente está o alvo que se arrisca pela linha
Não é tão diferente do que eu já fui um dia
Se vai ficar,se vai passar...não sei
Em um piscar de olhos lembro o tanto que falei
Deixei,calei e nem me importei

Mas não tem nada, eu tava mesmo errada.

Cada um em seu casulo, em sua direção
vendo de camarote a novela da vida alheia
Sugerindo soluções
Discutindo relações
Bem certos que a verdade cabe na palma da mão.

Mas isso não é uma questão de opinião.